quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A PREFEITURA MUNICIPAL DE BELFORD ROXO, A PROCURADORIA MUNICIPAL E A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NUNCA ADMITIAM EM PUNIÇÃO, OCORRÊNCIA, RELATOS, RELATÓRIOS, PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E INQUÉRITOS, INCLUSIVE OS QUE ME DEMITIRAM DEFINITIVAMENTE DO FUNCIONALISMO PÚBLICO MUNICIPAL, QUE EU, PROFESSORA FAIZA KHÁLIDA, MATRÍCULAS 5508 E 14725, ATRAVESSAVA TANTO UM PROCESSO BIOQUÍMICO DIÁRIO QUE AFETAVA TODA A MINHA MENTE E TODO O MEU CORPO COMO TAMBÉM ATRAVESSAVA UMA REALIDADE QUE ME CAUSAVA SOFRIMENTO.

Quando eu fiz a minha cirurgia de redesignação sexual em 2004, eu me preocupei em não me ausentar das escolas em que eu estava lotada. Por isso eu só viajei por minha conta e risco após o fim dos meus compromissos profissionais, do preenchimento dos diários de classe e da última reunião deste ano que foi realizada por volta do dia 22 de dezembro. No dia 23, eu viajava e no dia 24 eu chegava a Tailândia para realizar o procedimento cirúrgico que foi definitivo em minha vida.



Eu tive de tomar todas as providências práticas para a viagem sozinha e eu fui sozinha fazer esta operação. Eu tinha todos os medos possíveis. Nunca tinha feito uma viagem de avião. Nunca tinha estado em um lugar fora do Brasil. Precisava realizar pagamentos e transferências de grandes quantias. Foi um ano em que eu ouvia das pessoas no meu trabalho que esta cirurgia daria errado, me tiraria o prazer sexual, que eu nunca seria uma mulher porque nunca teria um útero, que eu nunca poderia ser mãe, que as pessoas nunca aceitariam o que eu iria fazer, que eu deveria mudar de emprego, que eu deveria recomeçar a minha vida em um lugar onde as pessoas não me conhecessem antes devido ao preconceito, etc.



Nenhuma brasileira havia se operado antes com o Dr. Kamol Panristum. Eu fui a primeira brasileira a realizar com ele a cirurgia de redesignação sexual, chamada de CRS ou SRS (cirurgia de redesignação sexual). Havia 4 cirurgiões tailandeses confiáveis, mas para mim era ele ou outro cirurgião tailandês 3 vezes mais caro e com muito mais prestígio na época. Se eu tivesse ído me operar com o outro com mais prestígio e mais caro provavelmente não estivesse viva porque o tsunami invadia a Tailândia no momento em que eu realizava a minha cirurgia.



Eu não tive nenhum apoio financeiro para pagar as despesas.  Ninguém também me fez companhia nessa viagem. Desde o momento em que eu saí de casa no final do ano em 2004 eu estava por minha conta e risco.




Os quatro últimos meses de 2004 também foram muito complicados. O médico cirurgião exigiu que eu suspendesse o uso de todos os remédios que eu tomava. Eu usava antidepressivo e calmante inibidor do sistema nervoso para trabalhar desde o ano anterior. Para mim a decisão pela realização da cirurgia transgenital foi de muito sofrimento porque as pessoas com que eu tinha referência eram contra a realização desta cirurgia e outras me diziam que tudo daria errado. Além do mais, foi um procedimento definitivo, sem volta, retorno ou oportunidade de reversão caso houvesse arrependimento.



Para sair do Brasil eu cheguei inclusive a brigar muito feio e chegar às vias da agressão física com pessoas que eu gostava e que eram muito importantes na minha vida, porque eu estava sendo impedida de sair para a viagem no momento da partida.

Eu nunca tive a intenção em ser uma funcionária pública faltosa, ter um número de faltas acima do que era tolerado ou abandonar o meu trabalho, tanto que eu viajei no meu primeiro dia de férias em 2004 para realizar esta cirurgia transexual e retornei ao trabalho no primeiro dia de trabalho do ano, no primeiro dia útil de fevereiro na Escola Municipal Edson Santos e na Escola Municipal Jorge Ayres de Lima, embora ainda prejudicada fisicamente, mas me forçando a subir a rampa da escola e a trabalhar.



Após a realização da cirurgia, eu me sentia ainda mais profundamente atingida também por ser tratada como professor, de forma masculina e por continuar a ser obrigada a usar um nome de homem. Após anunciar que deveria ser tratada por todos pelo meu nome social e como uma mulher professora, eu fui devolvida novamente, desta vez da Escola Municipal Edson Santos em uma matrícula. Na escola municipal Jorge Ayres de Lima, eu era proibida de trabalhar usando saia ou vestido pela direção. Era comentado publicamente que era absurdo ter contato com alunos alguém que seria um homem barbado usando vestido. Os embates diários, desgastantes e constantes pela minha aceitação social e pelo respeito a minha presença enquanto funcionária pública docente permaneciam.



O ano de 2005 também foi de muito constrangimento. Eu não podia assinar o ponto da escola municipal Jorge Ayres de Lima e os diários de classe das turmas em que eu trabalhava com o meu nome real, antes social, e já retificado pela Justiça. Era muito constrangedor para mim eu ser obrigada a assinar o nome de homem nos documentos da Prefeitura e da escola. Antes, nem diários, horário e turmas determinadas eu tinha, trabalhava sem ter como planejar as atividades, sem saber com quais alunos teria de trabalhar e lecionando disciplinas escolares fora da minha competência e formação numa situação de regência humilhante.


Eu tive um desgaste emocional muito grande nessa busca diária pela correção do meu nome e sexo nos meus documentos. Concomitante as atividades profissionais eram ídas a Defensoria Pública no centro do Rio de Janeiro, ídas ao cartório que ficava muito distante do outro lado da cidade, procura por médico especialista em sexualidade humana adequado a fornecer laudo da rede pública de condição transexual, realização detalhada de perícia médica no órgão genital no instituto médico legal com médico legista, acompanhamento e exigências de processo. Muita gente me dizia que eu nunca ía ter uma vagina, que o que eu tinha era um órgão sexual morto, mutilado, que eu era um aberração da natureza. Quando finalmente saiu a decisão, a luta e o desgaste continuavam nos diversos órgãos públicos enfrentando agora as dificuldades, as estranhezas, a ignorância, o preconceito e  a transfobia para fazer cumprir a ordem judicial pela correção nos meus documentos dos registros que me constrangiam.




De posse dos protocolos, eu acompanhava prazos e andamentos até a entrega dos novos documentos. Eu já havia comunicado em processo administrativo a ordem judicial pela alteração de nome para Faiza Khálida e do sexo para feminino em todos os meus documentos e registros que faziam parte da Prefeitura Municipal de Belford Roxo referentes a mim.



Eu estava em um processo que passava pela realização da cirurgia de sexo que é uma das vivências desse processo transexualizador. Tudo isso é uma questão de saúde. É um direito que eu tinha ter a minha dignidade realizada como ser humano. Eu precisava ser respeitada e feliz. Em busca disso eu estava tirando de mim forças que eu não tinha, me machucando muito através da exposição pública de toda a minha intimidade com a falta de conhecimento e respeito das pessoas.



Essa falta de conhecimento do poder público, a falta de capacitação e preparo dos agentes públicos em lidar com a minha transexualidade, a falta de uma assistência social por parte da Prefeitura Municipal de Belford Roxo na época que pudesse reconhecer a minha necessidade de ter uma avaliação e um apoio psicológico e social no meu trabalho me prejudicou bastante. Em tudo o que me acontecia no meu trabalho de professora da rede municipal belforroxense, não era conhecida, nos documentos e relatórios administrativos, essa realidade que eu enfrentava com todos os medos, os embates, as incertezas, as discriminações, os constrangimentos, os prejuízos emocionais e psicológicos dessa caminhada.



No ano de 2004 quando eu fiz a operação de harmonização sexual, a questão do preconceito, homofobia e transfobia sequer era admitida. Não havia nenhuma ONG de Direitos Humanos LGBT no município de Belford Roxo. Não havia nenhuma Parada LGBT na cidade. Nenhuma funcionária pública havia feito a cirurgia de redesignação sexual e mudado a sua documentação pela questão de gênero. Nada disso era colocado em relatórios, relatos, ocorrências e processos, apesar de ser de conhecimento público, de conhecimento corrente de praticamente todos os órgãos e funcionários públicos municipais que eu era a primeira professora transexual e funcionária pública a enfrentar essa realidade. Na escola eu me sentia como um ser de outro mundo em espetáculo circense, alvo do julgamento, conceitos e preconceitos de todos os agentes educativos.




Todas essas dificuldades, exposições, incompreensões, constrangimentos, preconceitos presentes na sociedade e principalmente nos diversos órgãos municipais, e as mudanças hormonais, físicas e cerebrais também não foram levadas em conta quando avaliaram a minha conduta profissional. É como se eu fosse uma pessoa julgada por ser uma funcionária pública municipal fora da minha realidade que eu sou, que eu fui e que eu vivia. Eu era uma pessoa funcionária pública municipal realizando no trabalho uma transição do masculino para o feminino. Externamente essas mudanças visíveis se deram com o crescimento dos cabelos, a afinação e modelamento de sobrancelhas, o desenvolvimentos dos seios, a redistribuição de gordura corporal, a feminização da voz, o uso progressivo de maquiagens, roupas e acessórios femininos e a realização de outros procedimentos. São mudanças contínuas e progressivas. 





Cada situação é uma situação. Cada pessoa é uma pessoa e cada um reage de uma maneira. Em relação as alterações físicas eu também tinha osteopenia, hérnias de disco com irradiações nas pernas e braços, fraturas, grande redução e aumento de peso chegando aos 100 kg, pressão alta e baixa.




Eu atravessava um processo de transexualização. O direito a saúde que eu tinha por ser diagnosticada transexual não era apenas uma questão de cirurgia genital. É um processo de adequação física, psicológica, mental, profissional, afetiva e  social.



A caminhada pela minha adequação sexual não passou apenas pela realização da minha cirurgia genital realizada em 2004 na Tailândia durante o tsunami, mas por tudo o que veio antes e a seguir e culminou na minha demissão dos meus dois cargos de professora da rede municipal de Belford Roxo. A Prefeitura Municipal de Belford Roxo, a Procuradoria do Município e a Secretaria de Educação nunca admitiram ou tornaram conhecida em seus inquéritos sobre mim inclusive nos que me demitiram definitivamente dos quadros do funcionalismo público municipal essa realidade que eu sofria e atravessava.




(Professora Faiza Khálida Fagundes Coutinho  matrículas 5508 e 14725 – Prefeitura Municipal de Belford Roxo, identidade 09089680-4, CPF 024114147-81)


Bendito é o preciosíssimo sangue do Senhor Jesus Cristo.

Jesus é o caminho.
Louvado seja o Senhor Jesus Cristo para sempre.




CLICAR NO LINK ABAIXO CORRESPONDENTE:






























16- Procurador de Belford Roxo LORIVAL ALMEIDA DE OLIVEIRA mentiu dizendo que eu havia recebido cópia de processo para ter como me defender. Na ESCOLA MUNICIPAL JORGE AYRES DE LIMA não me deram cópia de nada e de nenhum processo. Não me deixaram ler o processo ou tirar cópia dele.  


17- O RELATÓRIO SOBRE O II CONSELHO DE CLASSE DE 2007 NA ESCOLA MUNICIPAL JORGE AYRES DE LIMA FEITO PELA ORIENTADORA PEDAGÓGICA CONCEIÇÃO COM O OBJETIVO discriminatório DE ME PREJUDICAR.


18- Procuradora de Belford Roxo DÉBORA FERNANDES CORDEIRO PINTO (matrícula 80/28.585) também ligada a igreja evangélica recusou por 2 vezes o meu pedido de readmissão. FOI CURTA E GROSSA. NÃO COMENTOU SOBRE O LAUDO MÉDICO APRESENTADO. NÃO SE INTERESSOU EM AVERIGUAR O QUADRO PSIQUIÁTRICO. NÃO FEZ REFERÊNCIA AOS PROBLEMAS SOCIAIS E AO PRECONCEITO NO TRABALHO. IGNOROU TUDO SIMPLESMENTE.

19-  Não condene alguém com transtorno bipolar com sintomas psicóticos no mundo do trabalho. É o que eu posso ensinar às pessoas para que o mundo seja um pouco melhor  diante do quadro em que eu vivi no meu emprego de professora concursada e efetiva da Prefeitura Municipal de Belford Roxo.


20- Atos e processos administrativos de demissão nem levaram em conta a minha realidade psíquica e mental.

21- Defesa da professora em processo transexualizador da Prefeitura de Belford Roxo Faiza Khálida.  



22- 2002 foi o ano em que pela primeira vez eu senti que havia ficado doente por causa do trabalho.



23- História - professora Faiza Khálida da rede municipal de educação de Belford Roxo. 


24- Praticamente todos na Prefeitura Municipal de Belford Roxo sabiam que eu lutava contra um preconceito que impactava a minha saúde psicológica e mental. A administração Pública de Belford Roxo se fez de cega.O PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER.


25- Psicólogo do programa Rio Sem Homofobia esteve na Procuradoria de Belford Roxo explicando o meu adoecimento, nem assim houve reconhecimento, avaliação ou consideração  do meu quadro de doença descritos em laudos médicos e psicológicos.


26- Extravio de ofício e processo na Secretaria de Educação referente a professora em processo transexualizador Faiza Khálida.


27- Processo Judicial número 0004742-25.2012.8.19.0008 se encontra na segunda Vara Cível de Belford Roxo desde 02/03/2012.



28- A violência de gênero, o assédio moral, a desvalorização do magistério e o constrangimento no trabalho em Belford Roxo são realidades. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Tudo isso também leva a Educação Municipal de Belford Roxo para o último lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) na Baixada Fluminense. 

A pessoa que pratica o mal precisa de apenas 1 motivo para praticar o preconceito

A síndrome de Burnout é um quadro clínico mental extremo.
 

Desgaste emocional, esgotamento físico, emocional e espiritual, desânimo, sentimento de isolamento, bloqueio emocional, perda do contato com a realidade ocorrem em pessoas que precisam da assistência social, médica e psicológica.



Prefeito de Belford Roxo, Dennis Dauttmam fez a campanha DISCRIMINAÇÃO É GOL CONTRA  com Júnior Morais Coordenador de Politicas Publicas LGBT porque ninguém pode ser discriminado por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero.



A secretária Sula do Carmo lançou a campanha DISCRIMINAÇÃO É GOL CONTRA no município de Belford Roxo. O objetivo é sensibilizar da nossa responsabilidade para uma atitude não discriminatória e para denunciar os abusos!


 Júnior Moraes coordenador de políticas públicas LGBT, Sula do Carmo Secretária de Assistência Social e a subsecretária Elaine Medeiros de Direitos Humanos posaram com camiseta contra a discriminação.

A coordenadoria da diversidade sexual de Belford Roxo se fez notícia com a campanha DISCRIMINAÇÃO É GOL CONTRA!